A transformação digital, que já caminhava para uma transformação, precisou ser acelerada com a instalação da pandemia. Além da transformação digital, o comportamento do ser humano também vem se modificando e, podemos até dizer que a pandemia também tem acelerado esse processo.
Dane Avanzi, advogado, empresário de telecomunicações e diretor do Grupo Avanzi, empresa do ramo de radiocomunicação, lembra, inclusive que há não muito tempo, a disputa entre Uber e taxistas em muitas capitais do mundo quebrou monopólios e ofereceu ao cidadão maior liberdade de escolha e melhores serviços. “O Uber é um exemplo clássico de startup, que identificou oportunidades de melhoria de um determinado serviço e conseguiu “inventar” um jeito mais prático, seguro e econômico das pessoas acessarem o serviço.”
Segundo ele “o crescimento explosivo de uma startup, que do dia para a noite capta o aporte milionário de conglomerados econômicos e, em poucos anos passam a valer bilhões de dólares, pode esconder fragilidades de uma estrutura que cresce muito rápido sem passar por um tempo de maturação”.
A falha da Nubank
A maturação apontada por Avanzi se alinha, nesse contexto, ao vazamento de dados pessoais de inúmeros clientes, causado por uma falha da Nubank. Em outras palavras, essa falha revela a falta de maturação da empresa. “Se o banco operasse na Europa e Estados Unidos, onde a Lei Geral de Proteção de Dados já está em vigor e a cultura do Estado de proteção e respeito ao cidadão é mais efetiva, o desfecho da história seria outro”, aponta.
Com todas as mudanças bancárias ocorridas com o passar dos anos, que tornou obsoleto, inclusive, o uso do cheque, por exemplo, hoje, a ameaça aos bancos e clientes não se esconde para atacar carros fortes. “A arma utilizada pelos cibercriminosos, bandidos modernos, é a informação. Por isso, eventos como este do Nubank revelam riscos que estamos expostos e sequer imaginamos”, revela o diretor da Avanti.
“O sistema financeiro internacional deve também ser desafiado pelas startups de tecnologia, para que o sistema evolua e proporcione um melhor serviço aos consumidores, sem negligenciar a experiência e a cultura que os bancos tradicionais construíram ao longo de quase três séculos de serviços as nações, às empresas e ao cidadão comum”, conclui.